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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Cinza



A chuva que deslizava
sobre as marquises das casas
e lojas
era um eco
de chuvas passadas
que já molharam
outras cabeças
que não a minha
e a sua

A chuva de que me escondi
hoje
não era para mim
era pra pessoas de um passado
em que
se corria contra o relógio na parede
da alma
uma chuva que levava
e lavava
os sentimentos mais amargos


A chuva de hoje
era na verdade fictícia
de mentira
cenográfica
a água da poça
me molhou a barra da calça
e me fez lembrar que até a chuva
já me emocionou mais


E escorrendo com ela
estavam meus planos
meus ganhos
e todo o resto de vida que caiu do meu bolso
e se perdeu na enchorrada
de chuvas passadas

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