" Ninguém, a não ser um idiota, escreve a não ser por dinheiro" - Samuel Johnson.
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Praça
Se no mundo não houvesse nenhum livro
e escrever fosse proibido
eu inventaria palavras
no decalque das nuvens
digitaria em teclados imaginários
termos desconhecidos
da minha língua materna
passaria horas a fazer desenhos em pedras
rabiscos com carvão
inventando
um alfabeto
e sendo subversivo
se ler fosse apenas privilégio de poucos
eu, que faria parte dos muitos, morreria para ter uma linha
escrita em papel velho
em minhas mãos
se o decreto real, presidencial
ou até de um chefe tribal
fosse "está proibido ler e escrever"
eu faria motim
jihad
protesto
arquitetaria um grande golpe ou revolução
chame como quiser
mas eu não viveria parado
em um mundo sem palavras
nunca será tarde
pra quem imagina
se no meu mundo
não houvesse livros
eu seria um cara bem mais triste do que já sou
e se me proibissem de escrever
eu morreria
de desgosto
se no meu mundo não houvesse palavras
eu compraria um revólver
e em praça pública
estouraria os miolos
no outro dia
nenhuma manchete
nenhum alarde
sem palavras
seríamos frias máquinas
matemáticas
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Um ótimo poema com o qual me identifico, se um mundo fosse assim tão vazio era melhor que não fosse mundo.
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