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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Esquinas desertas.



Maringá impregnou em mim.
Certa vez, saí por aí
de madrugada,
empreitada arriscada.

Essa história começa
com as pernas dormentes
de quem sabe que algo está errado.
Abri a porta
que soltou um rangido rouco
reclamando de ser acordada
pelo aventureiro inesperado.
Na verdade, dessas verdades que sabemos mas não falamos,
eu estava saindo atrás da morte.
Encafifei de encontra - lá em uma encruzilhada
no ponto de ônibus, na praça
no balanço, na rua conhecida.
Ao contrário do que todos pensam
encontrar a morte não é assim tão fácil.
Ela não tem cartão de visitas,
página na internet, listas amarelas.
Quando se quer encontrar com ela, tem que se procurar bem.
Foi nessa premissa que andei
e procurei.

Na ida, não achei a dita cuja e,
quando estava voltando
ali da Av. Morangueira
perto da Uem, ouço um chamado:
'onde vai, tão apressado?'
'Quem eu esperava não veio
me vou agora porque de tanto esperar
já estou de saco cheio.'
'Ora, mas você marcou hora?'
'Não. Pelo que dizem ela está, sempre, em todo lugar'
'Deixa de ser bobo menino, não é tempo de ficar
indo e vindo.'

Fui dormir, como de costume, de lado.
E vi um vulto, sentado
na cadeira que em frente ao computador fica.
'Esteve me procurando?'
'Sim'
'Não sabe que sou eu que procuro as pessoas? Não gosto de ser achada.'
'Perdão, mas eu só queria tirar uma dúvida.'
'E qual seria?'
'Ser achado por você é melhor do que em vida
nunca se encontrar?'

4 comentários:

  1. Você me surpreende a cada palavra escrita !!!

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  2. Adorei o diálogo final. Se bem que todo o texto é bem-escrito - embora de forma sutil, expressa a angústia de uma procura incessante.

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  3. Inquietante. Gostei ainda, preferencialmente, da parte final. Parabéns!

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  4. Opa, esse eu tive que postar. ótimo post, até que enfim maldito

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